quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007


repara:

ele - está à janela
cigarro preparado na ponta dos dedos finos
fumo no nevoeiro

ela - à janela está
segura insegura uma caneca de chá
quente no frio

ele e ela: olham o vazio de cada uma das janelas

que dão para o mar

os prédios colam-se tal como os olhares separados na mesma direcção


longe, longe...

solidão partilhada na terra de nunca saber


não, não sabem (agora) da presença um do outro
não sabem há muito daquelas mãos de penetrar
de apenas cuidar e partir
olhar fundo de nunca ficar


toca o sino da igreja

repara:

ninguém os pode salvar!




(foto:. nel . - lounge)