quarta-feira, 29 de outubro de 2008


"Hit her with a hammer
Teeth smashed in
Red tongue twitching
Look inside her skeleton

My fingers sting
Where I feel your fingers have been
Ghostly fingers
Moving my limbs

Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you

Daddy's in the corner
Rattling his keys
Mommy's in the doorway
Trying to leave

Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening
Nobody's listening

Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you
Oh God I miss you"
















(letra: p j harvey - "the piano lyrics"
foto: não identificada)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

i'm a ghost story


eu costumava morrer por acidente. entendam:
eu não sabia o que eram corpos desabotoados.
eu tinha sentimentos exactos e caía em poços
que não vinham nos meus mapas de algibeira.
agora caminho acompanhado por quem partiu
e abandono-me metodicamente a cada desastre.







(texto: pedro jordão
in, revista criatura nº2

foto:laika - ".")

quinta-feira, 16 de outubro de 2008


claro que se tem medo que alguém nos entre pelos olhos.
mas podes arder. para a tua temperatura sou mercúrio, linhas da mão, lábio e sopro. atravesso-te porque me atravessas e onde somos corsários rendemo-nos ao encanto da devolução.


tu e eu à espera de um lugar que vai fechar tudo numa árvore.
aqui onde os minutos são a rua em que nos sentamos toda a tarde à espera do silêncio, onde o teu corpo pesa a medida exacta do meu desejo.


sou um animal. necessito diariamente da transfusão de uma enorme quantidade de calor. tocas-me?














(in, " a paixão e prisão de egon schiele" - vasco gato
foto: ailine liefeld - "room stories")

no tempo em que as avós falavam
as manhãs cheiriscavam a café acabado de fazer
borra repousada no fundo ao custo de uma brasa
e bolo de manteiga quente com sabor a erva doce

















(foto:katia chausheva - "conversation")

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


fazes um rasgo, e outro e outro
a lâmina tece estórias como se fossem linhas
escreve sulcos como se fossem palavras
a pele esburgada há pouco em silêncio cumpre o rito
ninguém teve culpa que a ave tivesse caído por terra sem rumo no teu quintal
por muito que te custe, o estomâgo ronca
e dá horas à soma dos dias de jejum forçado
ninguém teve culpa
pegas na cutela com a carga de um homicídio premeditado mas
há fomes que têm que ser abatidas antes que nos consumam e ardam cá dentro
incapazes de se circunscrever
largas pequenas gotículas, uma a uma
salgas as carnes rosto abaixo
e ditas os gestos que amparem o jantar humilde
lembra-te - ninguém teve culpa, ninguém teve culpa
que a ave se tivesse abeirado da bala em pleno ar
ninguém teve culpa
se te pedirem contas do sucedido
podes explicar ao advogado a legítima defesa, que a fome
é coisa que pode matar, e afinal, canja é sopa de gente pobre mais nada
caldo quente no prato esboucelado cedido pela vizinha
lembra-te - ninguém teve culpa, ninguém.















(foto:cyril auvity - "sacrifice")




"o que dói
é não poder apagar a tua ausência
e repetir dia a pós dia os mesmos gestos


o que dói
é o teu nome que ficou como mendigo
descoberto em cada esquina dos meus versos


o que dói
é tudo e mais aquilo que desteço
ao tecer para ti novos regressos"









(in, "óxalida" de cérjio lage
foto: cyril auvity - "encounter of 3rd kind")

quarta-feira, 8 de outubro de 2008


"ainda bem que partes
já me sobram mais afagos para o gato,
mais espaço na gaveta e nas horas;
com os lenços que deixaste
posso pôr em cacos limpos
o restante coração"
































(texto:josé miguel silva
foto:sophiarui - "nem com o bater da porta te vais)