subo a escadaria escura
o incontornável som da madeira rangente
os bichos que a corroem no silêncio
não acendo a luz
(nunca acendo a luz com o desejo secreto que me descubras no breu)
vou desfazendo a escada a cada subida
a cada descida
a cada passo
o esmigalhar lento como a uma espécie de bolacha
farinha que vou deixando como um rasto
chego ao patamar emprestado
alugado à pressa para se poder viver
estás sentado à minha espera
pergunto-te: porque me esperas?
respondes: "porque é (sempre) útil" esperar-te!
sou ali mesmo o pedaço de chão que esmigalhei há instantes
o vão de escada
(em vão...)
quinta-feira, 31 de março de 2005
sábado, 19 de março de 2005
Digestão curta
Digere-me ...
Digere-me aqui no meio do restaurante
Onde me ofereceste um cardápio bafiento de tasca mal frequentada
(Seu cabrãozão de meia tijela... de pós refeição semi-digerida-penso)
- Que refeição pretendes tomar caro senhor?
Cozido... Frito... ou guisado?
- Hum... deixa-me pensar...pensar... pensar... esquematizar...
bom.. o tradicional e do costume...
(- A que soube a carne lenta da memória incerta hã???? TOU A FALAR CONTIGO CABRÃO!-digo em silêncio - com os olhos brilhantes)
Digere-me...
cega-me com um garfo...
corta-me em pedacinhos a menina dos olhos
Devora a polpa com uma colher de sobremesa mal lavada ainda com resquícios de chantilly
tem a coragem de me provares...
de saciares a tua barriga de padre excomungado
o empregado pergunta:
- Já pediram?
E tu agoniado com uma sobremesa que não pediste vomitas em cima da mesa...
-Isto não são maneiras! ainda podem pedir mas não troco a toalha! - diz o empregado
Sais do restaurante semi-curvado a quereres vomitar as próprias entranhas...
As claras do chantilly tinham a sicuta dos gregos antigos... lembras-te?
Despeço-me do empregado agradecendo a refeição que não experimentei
Sigo em direcção à saida como se me lembrasses o caminho desde o início...
Mesmo cega não tropeço, sigo hirta... firme...
deixaste-me um rasto de odor tão intenso... que o caminho é fácil!
Estás cá fora a espumar a sobremesa - cheiras a podre misturado com vomitado...
Pergunto-te - estarás pronto para o jantar?
Já marquei a mesa
Digere-me aqui no meio do restaurante
Onde me ofereceste um cardápio bafiento de tasca mal frequentada
(Seu cabrãozão de meia tijela... de pós refeição semi-digerida-penso)
- Que refeição pretendes tomar caro senhor?
Cozido... Frito... ou guisado?
- Hum... deixa-me pensar...pensar... pensar... esquematizar...
bom.. o tradicional e do costume...
(- A que soube a carne lenta da memória incerta hã???? TOU A FALAR CONTIGO CABRÃO!-digo em silêncio - com os olhos brilhantes)
Digere-me...
cega-me com um garfo...
corta-me em pedacinhos a menina dos olhos
Devora a polpa com uma colher de sobremesa mal lavada ainda com resquícios de chantilly
tem a coragem de me provares...
de saciares a tua barriga de padre excomungado
o empregado pergunta:
- Já pediram?
E tu agoniado com uma sobremesa que não pediste vomitas em cima da mesa...
-Isto não são maneiras! ainda podem pedir mas não troco a toalha! - diz o empregado
Sais do restaurante semi-curvado a quereres vomitar as próprias entranhas...
As claras do chantilly tinham a sicuta dos gregos antigos... lembras-te?
Despeço-me do empregado agradecendo a refeição que não experimentei
Sigo em direcção à saida como se me lembrasses o caminho desde o início...
Mesmo cega não tropeço, sigo hirta... firme...
deixaste-me um rasto de odor tão intenso... que o caminho é fácil!
Estás cá fora a espumar a sobremesa - cheiras a podre misturado com vomitado...
Pergunto-te - estarás pronto para o jantar?
Já marquei a mesa
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