subo a escadaria escura
o incontornável som da madeira rangente
os bichos que a corroem no silêncio
não acendo a luz
(nunca acendo a luz com o desejo secreto que me descubras no breu)
vou desfazendo a escada a cada subida
a cada descida
a cada passo
o esmigalhar lento como a uma espécie de bolacha
farinha que vou deixando como um rasto
chego ao patamar emprestado
alugado à pressa para se poder viver
estás sentado à minha espera
pergunto-te: porque me esperas?
respondes: "porque é (sempre) útil" esperar-te!
sou ali mesmo o pedaço de chão que esmigalhei há instantes
o vão de escada
(em vão...)
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