sábado, 25 de março de 2006


lembro-me das tuas mãos

o esgalhar do desejo
a mão fechada espremendo o meu peito como a uma laranja
como se me quisesses possuir por dentro e isso tivesse que sair para fora
para que ficasses com a minha alma nas mãos
(já a tens, não vês?)

as mãos...

lembro-me das mãos
quietas
poderiam estar sobre um violino cansado
sobre um piano assombrado
ou sobre uma harpa alada

lembro-me bem das tuas mãos
vê! podes construir um castelo e um barco
podes envolver um gesto
ou cantar palavras pelas mãos

mas sempre, queria sempre as tuas mãos entre/sob/dentro
das minhas mãos inteiras!

(foto: elena retfalvi - "ars amandi)

2 comentários:

caminante disse...

Perdóname. Me perece que sólo las palabras de G. A. Becquer hacen honor a estos tus bellísimo versos.

"Del salón en el ángulo oscuro,
de su dueña tal vez olvidada,
silenciosa y cubierta de polvo,
veíase el arpa.
¡Cuánta nota dormía en sus cuerdas,
como el pájaro duerme en las ramas,
esperando la mano de nieve
que sabe arrancarlas!
¡Ay!, pensé; ¡cuántas veces el genio
así duerme en el fondo del alma,
y una voz como Lázaro espera
que le diga «Levántate y anda»!"
Un fortísimo abrazo.

Rui Borges disse...

'Podes envolver um gesto'...
Palavras que poderão gerar outras paisagens...