repara:
ele - está à janela
cigarro preparado na ponta dos dedos finos
fumo no nevoeiro
ela - à janela está
segura insegura uma caneca de chá
quente no frio
ele e ela: olham o vazio de cada uma das janelas
que dão para o mar
os prédios colam-se tal como os olhares separados na mesma direcção
longe, longe...
solidão partilhada na terra de nunca saber
não, não sabem (agora) da presença um do outro
não sabem há muito daquelas mãos de penetrar
de apenas cuidar e partir
olhar fundo de nunca ficar
toca o sino da igreja
repara:
ninguém os pode salvar!
(foto:. nel . - lounge)