quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007


repara:

ele - está à janela
cigarro preparado na ponta dos dedos finos
fumo no nevoeiro

ela - à janela está
segura insegura uma caneca de chá
quente no frio

ele e ela: olham o vazio de cada uma das janelas

que dão para o mar

os prédios colam-se tal como os olhares separados na mesma direcção


longe, longe...

solidão partilhada na terra de nunca saber


não, não sabem (agora) da presença um do outro
não sabem há muito daquelas mãos de penetrar
de apenas cuidar e partir
olhar fundo de nunca ficar


toca o sino da igreja

repara:

ninguém os pode salvar!




(foto:. nel . - lounge)

2 comentários:

Pedro Branco disse...

"O que haverá por detrás do teu silêncio?
O que haverá por detrás das tuas palavras?
O que haverá em ti?"

Neste canto passei calado. Num silêncio bom. Voltarei...

Doctor Who disse...

Olá amiga Carlinha, há algum tempo que não te lia (e mais ainda que não te vejo!). Continuas com a escrita intensa, misteriosa, boa.

Faltaste ao Entrudanças (já sei que estavas em cena - estás desculpada!). Perdeste umas boas danças. Espero que tenhas andado a treinar (fica prometido um Bourrée a 3 tempos para uma próxima oportunidade).

Aquele Abraço!