eu vejo em ti um poço de sentidos... oculto... tapado com uma grande tábua rasa confundida...
Sabes...
eu vejo em ti mil possibilidades multiplicadas por outras mil que desconheço, que não consigo sequer avistar!
Sabes...
quando me deito ao teu lado, e te olho o rosto parado e quieto vejo o tumulto das águas (lá dentro incendiadas de raiva) água quase a secar...
... e a tez branca de medo... gotículas de água na tua testa sonâmbulamente agitada
sabes?...
Sabes... quando te vejo encostar a mão sobre o peito pareces querer agarrá-lo, esmagá-lo, trocá-lo de sítio, de posição... e...
sabes...
quando toco por fim a minha mão na tua sinto-a fugida, largada, perdida...
sabes...
quando te encostas nas minhas costas, deitado...
o corpo já perdido tocante, pedindo quente... posição fetal... o teu braço sobre mim...
sabes...
quase nunca fazes isso...
sabes?...
...tenho tanto quente para te dar...
deixa cair a tábua!!
deixa-me mergulhar no teu poço!!!
mergulhar... sabes?...
no teu poço... sabes?...
... mesmo que não saibas ao certo...
sabes?...
que te amo...
sabes ...
mesmo que tábua continue lá... sabes...
... no poço... no mais fundo de ti...
(foto: bogdan jarocki)