sexta-feira, 18 de novembro de 2005


E para que querias tu os meus olhos encastrados nos mapas da memória se não lhes notarias o brilho...

Há muito que te espero de mãos frias e agora vejo que nem as notas em cima das tuas, descansadas no leme à espera de rumo.

Bebo o vinho para que notes o quente, para que olhes para o farol no momento certo em que se vira e nos tinge as pupilas atordoando-nos de uma luz logo mergulhada em treva... nessas alturas sinto sempre que o farol parou no movimento intacto de se fazer notar de um outro lado que não o nosso.

Estou cansada de esperar...

pedes-me uma última vez que me cale porque sempre ouviste dizer que no silêncio a carne murmura mais forte qual maré em tumulto à espera de ter paz.

Nunca te disse uma só palavra, não conheces o tom da minha voz, e por isso nunca aprendeste a língua do meu país.

Digo-te novamente em silêncio que estou cansada de esperar...

Esperar pela carne que não cede.
... esperar pelo vinho que não embriaga nem aquece.

Estou farta de esperar por ti!
Estou farta de ti!
farta!!!(meu amor)

e o porto de chegada é sempre longe... dos mares que não são de cá!

e os marinheiros novos... esses... estão sempre no alto-mar, desfazendo as rosas que outrora me trouxeste...
13/5/05 12:49


(foto: cig harvey)

1 comentário:

rota_aérea disse...

lugares estranhos em que o tempo nos coloca... um cansaço sem revolta, silencioso, como toda a vida deve ser... descansar no leme à espera do rumo e cansar de esperar...duas imagens fortes que captam um momento de abandono - abandono de ti, abandono do tempo que foi, nas esperanças e sonhos que ficaram entrançados, talvez quem sabe em rotas de nenhum lado...
1 bj imenso...