Existem dias em que o demónio anda por aí à solta
em que os minutos se sucedem ao toque de golpes de faca
esquartejamento massivo
medo envolvido pelo manto do pânico
porvir incerto
endemoninhados ficamos, de olhos baços, à espera de respostas...
nesses dias normalmente acordo já angustiada
pressentimento de um calar breve
(o quebrado que há em mim retorna)
arrasto-me em toque de súplica...
nada sei
nada espero
nada sou
cansada
corro ao final do dia de encontro à casa branca (a única que sempre me acolhe)
fecho a porta num rasgo (como se estivesse alguém do outro lado a empurrá-la)
acendo velas e incensos
deito-me em posição fetal e rezo uma oração em jeito de ladaínha
chorando golfadas soluçantes até ficar com o corpo dormente
(se parar, os demónios vêm, e eu sempre vivi sozinha!)
aguardo o raiar do dia já sem força
(penso sempre- talvez um dia eu renasça com ele, talvez...)
há dias em que o "mal" anda por aí à solta
há dias a que eu chamo sempre "dias do demónio"!
(foto: katia chausheva - "demon days")
2 comentários:
Olá Sophia, vim "espreitar-te" e deixar um beijinho! E, atendendo ao nome do blog, não digo Ciao mas sim Xiuuu... ehehheehhe
Bom texto. Nele, não só a escrita em vermelho, mas a escrita sem cor.
Uma imagem vale uma palavra. Esta:
(ao lado esquerdo de quem abre uma janela da casa)
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