Será que me Vês assim?
(isto que sinto...)
carne prestes a rasgar
quietude inerte
olhos fechados
inchados
abalados muito adentro
do dentro
do centro...
de Ti...
façam-me o que quiserem
removam-me os restos mortais
atirem-me para uma campa
transformem-me em cinza ardente
lava incerta
magma a estalar
(esta terra...)
vou ficar calada
muda
queda
em tom de resvalar
em tom de deixar soar
apenas a carne aberta
da ferida que em vez de curar desperta
corpo (não sei já se) meu
harpa exsangue
vasos pregados no madeiro
artérias sonantes
ao toque das mãos
das Tuas mãos já feridas
esburacadas
sofridas...
(toma as minhas-são só isto!)
Ouve-se uma música frágil
Será a harpa feita do Teu madeiro?
Serão as veias tocadas pelas Tuas mãos?
Um dia talvez Te dê... (Oh Deus!)
o meu grito inteiro...
e golfadas de sangue jorrarão!
Até lá fico quieta
carne rasgada
ferida aberta
muda
calada
queda
não tenho forças já...
(foto: lilya corneli- "lost gravity 5")
3 comentários:
Que triste melodia vem de tão bela harpa...
tens força sim minha querida. a força que te brota da alma e transformas em palavras... em sentires por vezes de revolta outras de aceitação. o ser humano possui uma surpreendente capacidade de regeneração que obedece a um impulso vital inato. Além disso, a força de cada um vai crescendo na proporção da carga...
coragem e fé!
eu estou aqui! ELE está aqui...
Como te sinto a dôr...
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