segunda-feira, 13 de novembro de 2006




Será que me Vês assim?


(isto que sinto...)



carne prestes a rasgar

quietude inerte

olhos fechados

inchados

abalados muito adentro

do dentro

do centro...

de Ti...


façam-me o que quiserem

removam-me os restos mortais

atirem-me para uma campa

transformem-me em cinza ardente

lava incerta

magma a estalar



(esta terra...)



vou ficar calada

muda

queda

em tom de resvalar

em tom de deixar soar

apenas a carne aberta

da ferida que em vez de curar desperta


corpo (não sei já se) meu

harpa exsangue

vasos pregados no madeiro

artérias sonantes

ao toque das mãos

das Tuas mãos já feridas

esburacadas

sofridas...


(toma as minhas-são só isto!)


Ouve-se uma música frágil

Será a harpa feita do Teu madeiro?

Serão as veias tocadas pelas Tuas mãos?

Um dia talvez Te dê... (Oh Deus!)

o meu grito inteiro...

e golfadas de sangue jorrarão!



Até lá fico quieta

carne rasgada

ferida aberta

muda

calada

queda





não tenho forças já...



(foto: lilya corneli- "lost gravity 5")

3 comentários:

Anónimo disse...

Que triste melodia vem de tão bela harpa...

Kisa disse...

tens força sim minha querida. a força que te brota da alma e transformas em palavras... em sentires por vezes de revolta outras de aceitação. o ser humano possui uma surpreendente capacidade de regeneração que obedece a um impulso vital inato. Além disso, a força de cada um vai crescendo na proporção da carga...

coragem e fé!

eu estou aqui! ELE está aqui...

Anónimo disse...

Como te sinto a dôr...