sexta-feira, 11 de julho de 2008


"Augusta – Uma noite, assim sem mais nem menos, ele confessou que não suportava penetrar-me. Perguntei-lhe o que havia em mim de tão repugnante... Confessou-me que para ele eu seria sempre uma virgem, uma intocável, antes e depois do nascimento da nossa filha... E depois nada. O silêncio opressivo, outra vez, nós lado a lado na cama com os nossos cansaços de costas voltadas e não consegui extrair dele nenhumas outras palavras, nenhuma outra justificação...

Ângela – Há noites em que a Lua verga os nossos corpos. Fecho as cortinas. Deito-me na cama do quarto escuro sem ninguém. Aí aprendi a chorar. Chorar, eis algo que (...)nunca pediram ao meu corpo para lhes oferecer. Lágrima por lágrima. Não é a sua Lei.








não há refúgio neste quarto escuro"












(texto-nuno vicente - "renaissance - memória habitada a seis mulheres"
foto - francesca woodman - "scrivevo al contrario")

2 comentários:

Incógnita disse...

É já manhã... Um brinde aos quartos escuros... e à luz que os abre à claridade! Renasceremos, renasceremos, sempre!

«Renaissance»

sophiarui disse...

sim linda! renasceremos sempre!!