"Pré-scriptum :
aaaaaaaaaaah, sabe, a elevação cristã inclui a descida ao inferno, a que entre outras coisas naturais e sobrenaturais, corresponde a revelação e tomada de consciência de todas as nossas condições e possibilidades de existência. É a partir da realidade integral do ser humano que nos transfiguramos, e não do retiro imaginário para ideias elevadas que não suam nem desesperam. Nesse sentido, antes um mal real, que um bem alienante. O primeiro, pode transfigurar-se em Deus ; o segundo, não tem transfiguração senão imaginária : a projecção de si numa representação imaculada sem merda nem esperma, sem ódio nem raiva, sem medo nem confusão, etc
A verdade que liberta, inclui a verdade de si. Ou se preferir, assumir-se como pecador não pode ser apenas de boca : trata e instiga a uma tomada de consciência, e um vir à tona e à expressão – a realidade da nossa finitude que se falha por tensão inata de quebrar os seus limites (e o problema é que nos tomamos por aquilo de que somos apenas imagem e reflexo).
Scriptum :
Possa a minha pequena voz nunca trair por recate ou pudor, a verdade poética que cada personagem grita ou canta, da pornografia ao sublime. Aqui trata-se do plano não existencial que é a experimentação poética : expressão das possibilidades sem retenção, o que logo por si só implica uma suspensão da moralidade. A possibilidade (seja um assassínio ou um surto psicótico) quer-se levada ao seu limite sem retenção nenhuma. O que, atente-se e dada precisamente a suspensão moral, também não indicia aprovação moral da possibilidade, como é evidente.
Pós-scriptum :
"Vaidade, é tudo vaidade. Vaidade e medo da morte." + "Verdade, é tudo verdade. Verdade e medo da vida" = "Veneno, é tudo veneno. Veneno e medo de si."
(às vezes quando "falas" apetece-me calar...
obrigada vitor por seres esse reflexo)
(texto:vitor mácula
comentário a"halo por trás dos prédios"
9 de Abril de 2007
foto:andrzej furtak -"praying hands")
2 comentários:
:) e obrigado a ti por colocares este texto aqui...
só quero a "verdade poética de cada ser"... essa verdade poética que é como um abismo... uma vertigem... dilacera-se-te a alma-corpo...
é aí que descubro o silêncio... (atrever-me-ia quase a dizer... só aí há silêncio...)
obrg
Calar os espaço com a "verdade poética de cada ser"...
Digitalizar no sonho do outro...Acolher as pegadas que nos deixam no espaço de poesia que temos cá dentro...Matar a fome de um gesto na liberdade do abraço que nos traz um esgar de dor e agonia (...) de sonho e de fantasia!
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