segunda-feira, 31 de outubro de 2005
(...)Tinha pensado na tristeza, esta que eu vivo neste momento. Com tudo o que eu te digo, por mais voltas que dê à minha vida, vou parar aos mesmos lugares. O medo é o mesmo. O meu mal é projectar-me para além daquilo que eu imagino poder viver. Estou sempre a ver mais fundo e a compreender de modo grotesco a simplicidade que a vida me tem reservado. É o meu pensamento a destruir os belos caminhos da felicidade. Deixa-me dizer-te uma coisa: vou desistir. Não vivo sozinho e nunca havia pensado nisso. Tenho de olhar também para os outros e reconhecer-me no amor que eles têm para me dar.
Fernando Esteves Pinto
in, "Sexo Entre Mentiras"
foto: angelica
Os dias de Outono terminavam assim...
Eu ainda vestida com os trapos do Verão, encostada a uma parede qualquer de olhos fechados.
O Sol ainda quente temperado com a brisa fria da maresia
Os cabelos pegados ao corpo
o corpo encostado à parede quente
o corpo ainda quente
o Sol ainda quente
a parede ainda quente
eu encostada à parede ainda quente
de olhos fechados no quente do quente que só existe no Outono
no terminar dos dias de Outono
o quente do frio singular do Outono...
Continuo de olhos fechados
a camisa aberta
o Sol entrando lentamente no peito compensando-me da ausência constante de ti
De ti, que és o frio no que de mais quente há em mim...
(foto: cig harvey)
quarta-feira, 26 de outubro de 2005
sexta-feira, 21 de outubro de 2005
Deixavas-me à míngua durante dias a fio...
eu ia emagrecendo na falta de ti!
o corpo cansado e enfraquecido suplicava-te pelo fruto (outrora somente de desejo) agora de uma necessidade incontrolável de prolongar a vida! (só mais um pouco de vida...)
Tu não percebias isso!
Escondias o meu único alimento por detrás das costas... e não falavas!
nunca falavas comigo!
parecias dizer:
-vem! vem buscá-lo! não sei oferecer-to!
Ao príncipio pensei que o teu silêncio era apenas uma ausência de palavras e que um dia saberia comunicar com ele!
Neste momento o teu silêncio é um grito que eu não sei apaziguar...
...um grito que me ensurdece por dentro, que me faz analfabeta na tentativa vã de escrita de sentimentos teus...
suplicas-me por víveres sem saberes que o que tens atrás das costas é o meu (nosso) alimento!
reclamas compaixão trocando as letras com que o dizes, soltando ruídos ocos e imperceptíveis!
Peço-te desculpa, grito-to que não percebo!
Peço-te que me repitas o que dizes!
Quero entender-te!! (grito)
QUERO ENTENDER-TE!!!! (o meu grito solta um eco que nem sequer já eu reconheço)
percebo por momentos que tens fome, e aponto o caminho para o fruto que escondes!
tento esgueirar-me á tua frente para que o vejas- só para te explicar! (queria tanto explicar-te...)
digo que será ele alimentar-nos! Ainda que fraca aceno-te! levanto os braços, abro as mãos... mantenho-me a custo de pé...
Soltas um grito ainda mais profundo e sucumbes à minha frente!
tinhas o fruto nas tuas mãos!
tinhas o fruto nas tuas mãos, meu amor!
tinhas a vida prolongada à tua frente!
Vejo-te no chão e perco as últimas forças que me restavam!
Vou morrer de fome...sei!
vou morrer na fome de um fruto que caiu das tuas costas e jaz também agora à minha frente!
Ao lado do teu corpo silencioso enfim!
(foto: cig harvey)
eu ia emagrecendo na falta de ti!
o corpo cansado e enfraquecido suplicava-te pelo fruto (outrora somente de desejo) agora de uma necessidade incontrolável de prolongar a vida! (só mais um pouco de vida...)
Tu não percebias isso!
Escondias o meu único alimento por detrás das costas... e não falavas!
nunca falavas comigo!
parecias dizer:
-vem! vem buscá-lo! não sei oferecer-to!
Ao príncipio pensei que o teu silêncio era apenas uma ausência de palavras e que um dia saberia comunicar com ele!
Neste momento o teu silêncio é um grito que eu não sei apaziguar...
...um grito que me ensurdece por dentro, que me faz analfabeta na tentativa vã de escrita de sentimentos teus...
suplicas-me por víveres sem saberes que o que tens atrás das costas é o meu (nosso) alimento!
reclamas compaixão trocando as letras com que o dizes, soltando ruídos ocos e imperceptíveis!
Peço-te desculpa, grito-to que não percebo!
Peço-te que me repitas o que dizes!
Quero entender-te!! (grito)
QUERO ENTENDER-TE!!!! (o meu grito solta um eco que nem sequer já eu reconheço)
percebo por momentos que tens fome, e aponto o caminho para o fruto que escondes!
tento esgueirar-me á tua frente para que o vejas- só para te explicar! (queria tanto explicar-te...)
digo que será ele alimentar-nos! Ainda que fraca aceno-te! levanto os braços, abro as mãos... mantenho-me a custo de pé...
Soltas um grito ainda mais profundo e sucumbes à minha frente!
tinhas o fruto nas tuas mãos!
tinhas o fruto nas tuas mãos, meu amor!
tinhas a vida prolongada à tua frente!
Vejo-te no chão e perco as últimas forças que me restavam!
Vou morrer de fome...sei!
vou morrer na fome de um fruto que caiu das tuas costas e jaz também agora à minha frente!
Ao lado do teu corpo silencioso enfim!
(foto: cig harvey)
quinta-feira, 20 de outubro de 2005
quando me olho ao espelho não me vejo! nunca consegui ver-me!
primeiro pensei que tinha comprado o ornamento errado, que existiria por aí algum espelho em que me revisse!
Todos os que comprei me foram indiferentes! Nunca consegui encontrar-me!
Tentei vários formatos, tentei enbaciá-los, lavá-los com sal (dizem que torna a imagem mais pura);
conformada desvio-me, passo rápido, acerto pontualmente as tintas negras com que pinto os olhos mas temo olhar-me directamente com medo de não existir de facto (queria por vezes não querer o não existir) ...
no desespero por vezes ajoelho-me, oro, peço para desejar não ser minha, para que o espelho seja só uma miragem mesmo daquilo que nunca conhecerei completamente! Neste espelho! em tantos espelhos! aqui a minha imagem é sempre inacabada e frágil! Sou eu ali no reflexo sem nunca ser a Verdadeira imagem de mim!
(foto: cig harvey)
primeiro pensei que tinha comprado o ornamento errado, que existiria por aí algum espelho em que me revisse!
Todos os que comprei me foram indiferentes! Nunca consegui encontrar-me!
Tentei vários formatos, tentei enbaciá-los, lavá-los com sal (dizem que torna a imagem mais pura);
conformada desvio-me, passo rápido, acerto pontualmente as tintas negras com que pinto os olhos mas temo olhar-me directamente com medo de não existir de facto (queria por vezes não querer o não existir) ...
no desespero por vezes ajoelho-me, oro, peço para desejar não ser minha, para que o espelho seja só uma miragem mesmo daquilo que nunca conhecerei completamente! Neste espelho! em tantos espelhos! aqui a minha imagem é sempre inacabada e frágil! Sou eu ali no reflexo sem nunca ser a Verdadeira imagem de mim!
(foto: cig harvey)
sexta-feira, 14 de outubro de 2005
Fiquei petrificada!
Não sei se da queda se do espanto
se da espera se do pranto...
Fiquei imóvel à espera num banco de pedra
(pedra sobre pedra... este eu sem mim num banco por aí...)
Agarrei um fio de vida fino, quase imperceptível
e as mãos frias de quedas que ficaram
como o banco onde espero (tanto tanto...)
como a pedra edificada nesta constante ausência (não sei bem de quê)
por cima esvoaçam ramificantes raízes de medos que perdi...
aos meus pés um chão demasiado frio para ser eu...
... e as mãos... as mãos... sempre agarradas a uma réstea ténue.... a um fio de vida... à espera que aqueçam num entretanto... que a paz venha por fim...
(foto: angelle)
terça-feira, 4 de outubro de 2005
"(...) existe um apego que ao longo da vida se estreita como um círculo de metal, e quanto mais a juventude passa mais forte ele se torna. Nós os dois chamávamos-lhe "o toque do corpo", porque já não é sequer um abraço, é aquele hábito, dos que sempre dormiram juntos, de se encostarem um ao outro antes de adormecer, uma recombinação química do calor de cada um. E para dormirmos bem basta-nos apenas o toque, a vírgula de um cotovelo ou outra mais macia, de uma anca. É no momento de ir para a cama que se vê se um casal é unido. Aquele que adormece enquanto o outro gira ainda pela casa não só envelheceu como também já se esqueceu da juventude. Depois de ela morrer passava as noites sentado no maple e nem chegava a passar pelo sono. Se algumas vezes adormeci foi de dia, com a luz forte, aquela luz que alivia um pouco o cansaço."
in "A Senhora dos Açores"
de Romana Petri
(foto: haemoglobin)
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