segunda-feira, 9 de junho de 2008


o senhor do autocarro tinha-me avisado que era um dia em que não devia ter saído de casa.

o senhor do autocarro abrandou a marcha rogando-me pragas por eu não ter trocos com que pagar o bilhete.

o senhor do autocarro avisou-me.

e eu ali entre o restauradores e o rossio pensava que em 10 minutos chegaria a belém para o tocar da harpa. 10 foram exactamente os minutos, eles mesmos, em que cheguei atrasada.

tinha comprado o bilhete no dia anterior, o último de um espectáculo que esgotou depois de mim...

hars é a poética da harpa que não se chega a poder tocar
música por desvendar
espectáculo onde não se preenche o lugar

bilhete inteiro que nunca se chega a rasgar...








o senhor do autocarro avisou-me.

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