domingo, 17 de agosto de 2008
amplexo
não sei que seja
há um subir fundo
um aprofundar de superfície
um marulhar que se vê de longe
há um vento que ruge
um ventaneiro que emudece com as primeiras chuvas
uma silenciada que explode numa língua estranha
há uma terra ao fundo que rima com outonal ou invernal
(e é bom saber isso em pleno verão)
há um rapaz de quase não caber nas portas baixas
um moinho que dança até entardecer
há o cheiro da terra lubrificada
os rolos de palha intacta a amarelecer
há o jardim das oliveiras presas e delimitadas ao lado da igreja
o quadro de uma rapariga acesa na montra das velharias
e frente à cabeleireira estridente e cusca
há o marco de correio onde envio a carta que te queria em mão
sabes que sou capaz de percorrer o país inteiro por um abraço
e de chegar intacta à madrugada
ainda a saber ao branco da cal das paredes onde colocas as mãos
por muito que escreva há palavras de que não sei o sentido
e por mais dicionários que procure é na estradas que te vejo
asfalto negro a cumprir o chão
(foto: nel- "...")
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