domingo, 27 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
“até nos tempos mais sombrios temos o direito de esperar ver alguma luz, e é bem possível que essa luz não venha tanto das teorias e dos conceitos, como da chama incerta, vacilante, e muitas vezes ténue, que alguns homens e mulheres conseguem alimentar em quase todas as circunstâncias e projectar em todo o tempo que lhes foi dado viver neste mundo (…)”
Hanna Arendt
(foto:katia chausheva - the master of puppets)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
a matança
comprei um livro pela capa! - (alguém que me prenda e não oferecerei resistência) - os meus olhos comem imagens inteiras e palavras de sangue
"derramavam-se sobre os móveis prometendo
calor no inverno, as excessivas subtilezas
de março ou
um crescer maligno de glaciares em
agosto
quando a voz morria as mulheres saíam
para ver
a luminescência do céu tombando pouco
importava que lhes caísse basta
um templo para caiar de branco uma cidade"
(poema: andreia c. faria
foto: inês d'orey - my suicides (série))
terça-feira, 20 de outubro de 2009
será caso??
parece-me muitas vezes que uma melhor apetência para falar de temas futeis e do quotidiano reflecte em muito uma menor capacidade de escuta interna... será caso para dizer "quem muito fala pouco aprende?"
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
a possibilidade de perseguições impossíveis
sempre trabalhei muito para perseguir aquilo que queria
o problema antigamente é que
talvez por insegurança
eu queria o que os outros queriam que eu quisesse
entretanto o mundo deu-me a volta
para uma visão mais larga
nos contornos de um corpo mais curto
vejo-me de fora...
olhos gastos
sombra inquieta por dentro da pele
já não sei o que sou
e muito menos o que quero
mas continuo a trabalhar muito
nesse acossamento inutil
de buscar-me infinitamente
agora em mim
o problema antigamente é que
talvez por insegurança
eu queria o que os outros queriam que eu quisesse
entretanto o mundo deu-me a volta
para uma visão mais larga
nos contornos de um corpo mais curto
vejo-me de fora...
olhos gastos
sombra inquieta por dentro da pele
já não sei o que sou
e muito menos o que quero
mas continuo a trabalhar muito
nesse acossamento inutil
de buscar-me infinitamente
agora em mim
terça-feira, 29 de setembro de 2009
da alienação
em épocas de crise
os extremos agudizam
há quem viva do material e apele ao bem-estar
há quem viva do espiritual e apele às profecias
quase todos preferem
o refúgio das palavras seguras e formatadas
o papaguear brando de slogans de felicidade empacotada em luzes de néon
e eu navego
guardo-me nas valetas de um silêncio brando
prefiro o fio da navalha que me faz existir
ondas muitas...
mar demasiado grande para lhe poder chegar
néon apagado
os vidros na mão
os extremos agudizam
há quem viva do material e apele ao bem-estar
há quem viva do espiritual e apele às profecias
quase todos preferem
o refúgio das palavras seguras e formatadas
o papaguear brando de slogans de felicidade empacotada em luzes de néon
e eu navego
guardo-me nas valetas de um silêncio brando
prefiro o fio da navalha que me faz existir
ondas muitas...
mar demasiado grande para lhe poder chegar
néon apagado
os vidros na mão
domingo, 20 de setembro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
"soon is not soon enough"
"Autumn is here inside my heart
When there's springtime in the air
Loneliness is tearing me apart
Being lost makes me scared
I keep on asking the gods above to send my love back to me
Oh please let these days and weeks
Pass by so quickly
Nobody suffers like I do
Nobody else, oh no
Nobody suffers like I do
Nobody else but you
You had to leave, I know
And we knew it would be tough
You said you would be back soon
Soon is not soon enough
Through this waiting in vain
All this darkness and pain
I've been crying for you, now I'm dying
When this test is at the end
I hope you'll understand
That you're all that I've got
Oh darling..."
(letra e foto: jay jay johanson)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
dedos em fuga na impressão da sala
ela costumava andar com os dedos grandes do pé em bico
como se fosse bailarina em pontas
como se pudesse suspender a gravidade das terras e das cadeiras
e se impusesse sem lei por todo o ar
depois circularia por aí como vento
e inventaria a linguagem própria dos mantos
que nunca cobrirão os rostos de uma tez abrilhantada
as rugas a imporem-se
os restos de areia nas unhas já compridas
dedos esguios de magros
a cadeira da sala quieta na ausência dela
era já a hora que se tinha ido
nenhum som
os dedos lá
(foto: gabor vajda - untitled)
domingo, 9 de agosto de 2009
perguntam-me se vivo... SIM!!! todos os dias!! :) dancing by the sea with a pen...
If i was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around
Let the seasons begin - ???
Let the seasons begin - take the big king down
Let the seasons begin - ???
Let the seasons begin - take the big king down
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night, ???
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is ???
(elephant gun by beirut)
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
hoje ficaria assim quieta... em jeito de escuta...
"Deliver them from the book and the letter and the word
And let them read the silence bathed in soft black stars"
(antony & the johnson's
soft black stars)
And let them read the silence bathed in soft black stars"
(antony & the johnson's
soft black stars)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
"se a existência precede a essência, o homem, não tendo uma natureza prefixa, faz-se fazendo-se, constroi-se o que é, determina-se essência por aquilo que realiza."
não será a vontade divina já o próprio vazio - tela em branco por preencher?
in, "o existencialismo é um humanismo"
por jean paul sartre e vergílio ferreira
editorial presença 1970
(foto: sophiarui- "the empty space is our base")
terça-feira, 7 de julho de 2009
não sabia se a tinham marcado à nascença
ou se eram vincos que a vida lhe trouxera mais tarde
escutava da sua redoma:
cá fora ouviam-se bruxas
numa praça de alcagoitas
rasgando folha a folha
as mezinhas para o chá
saía então à rua
nesses dias crescentes de circuitos fechados
e por duas moedas pequenas
comprava as ervas que fervia na pouca água que tinha
para se purificar
o muro empedrado
(intrasponível para a maior parte das criaturas)
era agora um monte de pedras
e a casa onde tomava o vaporoso líquido
era a ilusão de que um dia
poderia ser cadela
num mundo de cão
talvez a víria que trazia no braço
pudesse contar a sua estória silente
(foto: sophiarui: "retrato de víria veraz")
segunda-feira, 6 de julho de 2009
costumava morrer...
domingo, 5 de julho de 2009
olhem-me só estas riquezaaassss!!!
"all the accidents that happen
follow the dot
coincidense makes sense
only with you
you don't have to speak
i feel
emotional landscapes
they puzzle me
then the riddle gets solved and you push me up to this:
...state of emergency...
...how beatuiful to be!...
...state of emergency...
...is where i want to be...
all that no-one sees
you see
what's inside of me
every nerve that hurts you heal
deep inside of me
you don't have to speak - i feel
emotional landscapes
they puzzle me
confuse
then the riddle gets solved and you push me up to this:
...state of emergency...
...how beatuiful to be!...
...state of emergency...
...is where i want to be...
...state of emergency...
...state of emergency..."
bjork, joga
"homogenic" 1997
quinta-feira, 2 de julho de 2009
pena que já foram...
" estou em plena luta e muito mais perto do que se chama de pobre vitória humana do que você, mas é vitória. eu já poderia ter você com o meu corpo e minha alma. esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira.mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. não temos amado acima de todas as coisas. não temos aceite o que não se entende porque não queremos passar por tolos. temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmo construímos, tememos que sejam armadilhas. não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que diga: tens medo. temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. não temos usado a palavra amor para não termos que reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada. temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. falar no que realmente importa é considerado uma gafe. não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer 'pelo menos não fui tolo' e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. temos sorrido em público do que não sorriríamos se estivessemos sozinhos. temos chamado de fraqueza nossa candura. temo-nos temido (...) e a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."
clarice lispector
in, uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
relógio de água, 1999
clarice lispector
in, uma aprendizagem ou o livro dos prazeres
relógio de água, 1999
quinta-feira, 25 de junho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
territórios de nós mesmos
somos um território fácil quando nos lamentamos
somos um território temido quando nos reinvindicamos
somos inteiros quando não temos território!
somos um território temido quando nos reinvindicamos
somos inteiros quando não temos território!
domingo, 31 de maio de 2009
em tempos de crise... sou gaja de venetas!!!
Who The F--- (4-TRACK) - PJ Harvey
"Who The Fuck?"
Who the fuck do you think you are
Get out of my hair
who the fuck do you think you are
Comin' round here
who the fuck who the fuck
who the fuck do you think you are
Get your comb out of there
combin' out my hair
I'm not like other girls
You can't straighten my curls
I'm not like other girls
You can't straighten my curls
No!
Who the fuck you tryin' to be
Get your dog away from me!
What the fuck you doing in there
Get your dirty fingers out of my hair
Who who who who
fuck fuck fuck you
I'm free, you'll see
I'm free, you'll see
(letra e música: pj harvey)
terça-feira, 12 de maio de 2009
nativa-cigana
ontem alguém disse que eu tenho ar-de-nativa-cigana...
sim...
lembrei-me deles
a sanfona em prados verdejantes
uma mazurka "relentada"
o compasso dos gestos balançados num corpo-sem-dono
un-deux-trois
ma-zur-ka...
un-deux-trois
corp-sans-moi
(foto: "la machine")
terça-feira, 28 de abril de 2009
incêndio interior
há uns tempos atrás tive umas colegas que me chamavam carinhosamente a "bombeirinha"...
foi sempre o que fiz da vida...
ando por aqui e por ali
a apagar os mais pequenos fogos
enquanto me incendeio...
foi sempre o que fiz da vida...
ando por aqui e por ali
a apagar os mais pequenos fogos
enquanto me incendeio...
domingo, 26 de abril de 2009
um filme, duas frases...
"um país sem poetas é um país derrotado"
"matar um homem para defender uma ideia não é defender uma ideia
é matar um homem!"
in, "a nossa música"de jean luc godard
"matar um homem para defender uma ideia não é defender uma ideia
é matar um homem!"
in, "a nossa música"de jean luc godard
domingo, 19 de abril de 2009
duas de sophia - a grande
Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal
"Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre."
Soror Mariana
"Cortaram os fenos
Agora a minha solidão vê-se melhor..."
sophia de mello breyner andresen
"Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre."
Soror Mariana
"Cortaram os fenos
Agora a minha solidão vê-se melhor..."
sophia de mello breyner andresen
like spinning plates
Like Spinning Plates - Radiohead
"While you make pretty speeches,
I'm being cut to shreds
You feed me to the lions,
a delicate balance
And this just feels like spinning plates
I'm living in cloud cuckoo land
And this just feels like spinning plates
My body is floating down the muddy river"
(mais uma volta e a menina não paga!)
sexta-feira, 17 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
explicação do alpendre
terça-feira, 14 de abril de 2009
acabaram-se, por ora, os posts de auto-comiseração
é altura de pegar nas armas e voltar à luta!
não fosse este um blog de "vómitos emocionais"
teria que apagar tudo
mas...
a minha escrita em blog serve para isso mesmo
para colocar no écran a "tritura-torturada-azeda"
até deixar o estômago vazio
pronto para um jejum de purificação
não sei que águas estas depois da tempestade
mas atento... à lentidão fluida do líquido
ao resvalar da rocha mais quêda no leito, na praia
para aprender a largar do bote
a largar do-que-resta-jangada o que mais a afunda
seguindo em rumo incauto -única via de quem quer viver!
não fosse este um blog de "vómitos emocionais"
teria que apagar tudo
mas...
a minha escrita em blog serve para isso mesmo
para colocar no écran a "tritura-torturada-azeda"
até deixar o estômago vazio
pronto para um jejum de purificação
não sei que águas estas depois da tempestade
mas atento... à lentidão fluida do líquido
ao resvalar da rocha mais quêda no leito, na praia
para aprender a largar do bote
a largar do-que-resta-jangada o que mais a afunda
seguindo em rumo incauto -única via de quem quer viver!
sexta-feira, 10 de abril de 2009
já não tenho lágrimas para isto...
não sou eu que me repito..
é a vida...
é a morte que se repete em mim...
"finas são as lágrimas do pó"
é a vida...
é a morte que se repete em mim...
"finas são as lágrimas do pó"
quarta-feira, 8 de abril de 2009
às voltas de lugar nenhum
quando te perguntei se voltavas era disto que eu falava:
o vazio no lugar do coração
lado esquerdo da vida em abismo
nenhuma letra a cumprir o poema
pele enrugada na nudez de todos os lugares assombrados
nenhum chão
o vazio no lugar do coração
lado esquerdo da vida em abismo
nenhuma letra a cumprir o poema
pele enrugada na nudez de todos os lugares assombrados
nenhum chão
segunda-feira, 6 de abril de 2009
"(...) faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e tranquilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro - pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver. Lembrou-se de escrever a Ulisses contando o que se passara, mas nada se passara dizível em palavras escritas ou faladas, era bom aquele sistema que Ulisses inventara: o que não soubesse ou não pudesse dizer, escreveria e lhe daria o papel mudamente - mas dessa vez não havia sequer o que contar."
clarice lispector
in, "uma aprendizagem ou o livro dos prazeres"
relógio de água
clarice lispector
in, "uma aprendizagem ou o livro dos prazeres"
relógio de água
sexta-feira, 3 de abril de 2009
a felicidade é uma questão hortícola
houve uma altura da minha vida em que eu pensava que a palavra derrota nunca existiria. nessa altura era gorda e passeava-me pomposamente com o meu orgulho por tudo onde era sítio. era ainda mais detestável do que sou agora e podem perguntar à vontade, como é que isso é possível?? (mais ainda???) mas juro-vos que não sei responder.
nessa altura "a minha entrada era a saída de muitos" e nessa entrada eu saía sempre ilesa a qualquer tipo de catástrofe.
a primeira vez que me lembro da morte foi a do meu avô. acho que a minha mãe estava grávida da minha irmã mais nova, e isso justificou para muitos o facto dela em pequena entortar os olhos até ao tutano e dizerem que tinha sido dos nervos acumulados pela minha mãe nessa altura. agora usa lentes de contacto e tudo está resolvido.
da segunda vez a morte foi mais rebuscada e levou-me a irmã mais velha, que eu amava de coração inteiro, e partilhava comigo um quarto exíguo no 2º bronx daqui da zona. mas eu não me convenci logo da derrota. era teimosa (ainda sou muito) e inchada de orgulho. talvez por isso mantivesse o porte enfartado que me caracterizou até há bem poucos anos. um pouco mais tarde, quando me apercebi melhor do sucessido (sou lenta na consciência) emagreci alguns quilos e soube (aí sim pela primeira vez) o que era a queda.
parecia que só a partir daí começava a perder coisas.
a identidade por exemplo, tive uma crise e depois tive muitas mais (ainda tenho).
a ingenuidade, por teimosia, só a perdi mais tarde. mas acho que foi desde aí que comecei a simular que ainda a tinha (o que é pior que perdê-la).
depois perdi uma tia e passado pouco tempo um primo de linha directa que era por acaso aquele que eu mais simpatizava.
perdi a minha madrinha que foi a pessoa que exageradamente mais me mimou e de quem eu fugia a sete pés (não gosto de demasiados mimos! hiaccc!!). perdi um colega da faculdade que era da minha idade e isso fez-me muita impressão.
entretanto perdi as contas às contas que a morte ia fazendo e percebi que ela me ronda desde sempre. desde os corredores da casa de onde fugi para me resgatar (será possível resgatar-mo-nos quando não nos temos?).
nessa mesma casa cuidei até morrer das minhas duas avós e percebi que a única distância entre mim e elas seriam alguns anos.
aprendi a ir perdendo.
perdi amigos que tinha, que não tinha e que julgava que ter.
perdi namorados (poucos...aliás 1 apenas...). flirt's (muitos - eu sempre julguei que eram namorados mas alguém me elucidou que não)
o meu acunpuntor diz que eu não tenho muito prazer na vida por ter a coluna torta e ser ligeiramente marreca. receitou-me uns chás e a leitura de alguns contos porno na net. eu até lhe dou uma certa razão pois simpatizo com a medicina chinesa. comecei então a ler algumas coisas muito mal escritas que eu pensava que não pudessem existir. (a vida abre-nos sempre horizontes mesmo que esses horizontes sejam limitados). tentei corrigir a "tortura" praticando yoga mas irrito-me sempre com a música ambiente supostamente agradável e não consigo relaxar. já tentei fazer em casa ao som de keith e de pj harvey mas a minha professora diz que não é muito ético (eu acho é que ela não os conhece). acho ainda que foi por essa mesma falta de ética que fui excomungada há uns anos e deixei de ser católica.
até seria budista não fossem os meus problemas de indisciplina com a carne e afins.
algumas pessoas dizem que eu tenho um karma muito pesado em cima, mas eu acho que é mesmo o meu corpo a pensar que ainda é gordo.
a semana passada perdi o meu pai, e acho que na semana anterior já tinha perdido o namorado e não sabia. (seria um flirt? não sou boa com conceitos.)
a minha mãe acha-me estranha. a minha irmã, seis anos mais nova, acha que devia "orientar-me" na vida, pois já tenho idade para isso, e que me estou a tornar numa hippie tonta. o meu cunhado opina que será difícil eu "arranjar um homem" devido ao meu ar "demasiado independente" - segundo ele isso assusta, e os homens não gostam de ser assustados! buuuuu!!
tenho uma grande amiga que diz que eu tenho traumas mas não sou traumatizada. nos tempos que correm, pelos vistos, isso é esquisito e devia tratar-me. todos devem ter um trauma, nem que seja o trauma de não ter traumas nenhuns.
enfim, posso dizer que a minha vida não é monótona e eu até sei fazer algumas escolhas: mudei de sintra para a rinchoa por causa de uma laranjeira e de um alpendre que dá para a serra. e com esta vista ao longe... longe... sonho um dia poder vir a ter uma horta de frutos biológicos (que está na moda e fica sempre bem)para sair finalmente do mundo, isolar-me e ser feliz!
nessa altura "a minha entrada era a saída de muitos" e nessa entrada eu saía sempre ilesa a qualquer tipo de catástrofe.
a primeira vez que me lembro da morte foi a do meu avô. acho que a minha mãe estava grávida da minha irmã mais nova, e isso justificou para muitos o facto dela em pequena entortar os olhos até ao tutano e dizerem que tinha sido dos nervos acumulados pela minha mãe nessa altura. agora usa lentes de contacto e tudo está resolvido.
da segunda vez a morte foi mais rebuscada e levou-me a irmã mais velha, que eu amava de coração inteiro, e partilhava comigo um quarto exíguo no 2º bronx daqui da zona. mas eu não me convenci logo da derrota. era teimosa (ainda sou muito) e inchada de orgulho. talvez por isso mantivesse o porte enfartado que me caracterizou até há bem poucos anos. um pouco mais tarde, quando me apercebi melhor do sucessido (sou lenta na consciência) emagreci alguns quilos e soube (aí sim pela primeira vez) o que era a queda.
parecia que só a partir daí começava a perder coisas.
a identidade por exemplo, tive uma crise e depois tive muitas mais (ainda tenho).
a ingenuidade, por teimosia, só a perdi mais tarde. mas acho que foi desde aí que comecei a simular que ainda a tinha (o que é pior que perdê-la).
depois perdi uma tia e passado pouco tempo um primo de linha directa que era por acaso aquele que eu mais simpatizava.
perdi a minha madrinha que foi a pessoa que exageradamente mais me mimou e de quem eu fugia a sete pés (não gosto de demasiados mimos! hiaccc!!). perdi um colega da faculdade que era da minha idade e isso fez-me muita impressão.
entretanto perdi as contas às contas que a morte ia fazendo e percebi que ela me ronda desde sempre. desde os corredores da casa de onde fugi para me resgatar (será possível resgatar-mo-nos quando não nos temos?).
nessa mesma casa cuidei até morrer das minhas duas avós e percebi que a única distância entre mim e elas seriam alguns anos.
aprendi a ir perdendo.
perdi amigos que tinha, que não tinha e que julgava que ter.
perdi namorados (poucos...aliás 1 apenas...). flirt's (muitos - eu sempre julguei que eram namorados mas alguém me elucidou que não)
o meu acunpuntor diz que eu não tenho muito prazer na vida por ter a coluna torta e ser ligeiramente marreca. receitou-me uns chás e a leitura de alguns contos porno na net. eu até lhe dou uma certa razão pois simpatizo com a medicina chinesa. comecei então a ler algumas coisas muito mal escritas que eu pensava que não pudessem existir. (a vida abre-nos sempre horizontes mesmo que esses horizontes sejam limitados). tentei corrigir a "tortura" praticando yoga mas irrito-me sempre com a música ambiente supostamente agradável e não consigo relaxar. já tentei fazer em casa ao som de keith e de pj harvey mas a minha professora diz que não é muito ético (eu acho é que ela não os conhece). acho ainda que foi por essa mesma falta de ética que fui excomungada há uns anos e deixei de ser católica.
até seria budista não fossem os meus problemas de indisciplina com a carne e afins.
algumas pessoas dizem que eu tenho um karma muito pesado em cima, mas eu acho que é mesmo o meu corpo a pensar que ainda é gordo.
a semana passada perdi o meu pai, e acho que na semana anterior já tinha perdido o namorado e não sabia. (seria um flirt? não sou boa com conceitos.)
a minha mãe acha-me estranha. a minha irmã, seis anos mais nova, acha que devia "orientar-me" na vida, pois já tenho idade para isso, e que me estou a tornar numa hippie tonta. o meu cunhado opina que será difícil eu "arranjar um homem" devido ao meu ar "demasiado independente" - segundo ele isso assusta, e os homens não gostam de ser assustados! buuuuu!!
tenho uma grande amiga que diz que eu tenho traumas mas não sou traumatizada. nos tempos que correm, pelos vistos, isso é esquisito e devia tratar-me. todos devem ter um trauma, nem que seja o trauma de não ter traumas nenhuns.
enfim, posso dizer que a minha vida não é monótona e eu até sei fazer algumas escolhas: mudei de sintra para a rinchoa por causa de uma laranjeira e de um alpendre que dá para a serra. e com esta vista ao longe... longe... sonho um dia poder vir a ter uma horta de frutos biológicos (que está na moda e fica sempre bem)para sair finalmente do mundo, isolar-me e ser feliz!
paisagem
vejo-os sôfregos. procurando os bancos novos vermelhos e azuis da cp. arrastam-se. talvez tenham que ir buscar os filhos às amas ilegais e remungonas por mais um dia de atraso no pagamento e na hora.
sento-me, sinto-me uma burguesa por me conseguir sentar em tão grande multidão. aquele ali passa fome, sente-se nos olhos que passa fome. (às vezes chego-me a sentir culpada por ainda ter pão na mesa quando chegar ao destino, mas enfim... o mundo não é perfeito e eu também não.)
gosto particularmente dos jovens pueris e no auge da vida a falar da crise e vagamente de abril, ao mesmo tempo que escrevem sms's às namoradas em telemóveis topo de gama pagos pelos pais-classe-média-baixa como sinal de avanço tecnológico.
dizem que a linha de sintra é insegura, mas eu sempre andei nestes comboios como se caminhasse no corredor da casa que não tenho. faz frio, e hoje até é bom vir no comboio em hora de ponta. aquece.
sento-me, sinto-me uma burguesa por me conseguir sentar em tão grande multidão. aquele ali passa fome, sente-se nos olhos que passa fome. (às vezes chego-me a sentir culpada por ainda ter pão na mesa quando chegar ao destino, mas enfim... o mundo não é perfeito e eu também não.)
gosto particularmente dos jovens pueris e no auge da vida a falar da crise e vagamente de abril, ao mesmo tempo que escrevem sms's às namoradas em telemóveis topo de gama pagos pelos pais-classe-média-baixa como sinal de avanço tecnológico.
dizem que a linha de sintra é insegura, mas eu sempre andei nestes comboios como se caminhasse no corredor da casa que não tenho. faz frio, e hoje até é bom vir no comboio em hora de ponta. aquece.
terça-feira, 31 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
quarta-feira, 11 de março de 2009
por te despires despi-me
demorei a saber
que o lugar onde se enterram os loucos
é esse mesmo onde os vivos-de-lucidez-fria têm de sobreviver
caos apurado num lugar aparentemente limpo
palco nu
onde agora já não existem reis nem rainhas
nem qualquer trono que mande tocar uma marcha nupcial branda
ouço esta música... ouço-a...
no silêncio fingido da sala já não existem roupas que me sirvam
nem cabides onde me possa pendurar-boneco
estrangulamento-precoce-em-cabide-incerto
para seguir em frente
para ensandecer-bruta
barro por moldar
nenhum trono...
restas porém água-em-deserto-fundo...
três pontos em triângulo na face encostada
cova funda em queixo por desvendar...
os maiores momentos são de calar...
(compilação de imagens: utopia teatro
fotos:paulo martins e francisco gomes
música: bruno béu)
quinta-feira, 5 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
segunda-feira, 2 de março de 2009
há um respirar baço
a lua cai em abismo sobre mim
ninguém nota
nunca ninguém nota
mesmo que se demorem em mim
os mil anos que a saturação dos séculos oferece
aos espiritos impuros
chove
todos falam do poder da terra
de como se movem os campos instigados pela sombra
mas tu, olhar breve confinado por estacas
lanças na madrugada o que sempre esteve cá....
coloco os meus óculos gastos
para que te poder chegar...
(foto:tysjusz - "untitled")
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
gomo a gomo...
e entre pinceladas
entre tintas
entre rossos e paredes abertas
entre chão por tratar e caixas para empacotar
entre acampamentos e chuva
entre pó a lama
cimento e cal
gesso e madeira
entre o muro e a laranjeira...
deixo-vos já a música que alimenta uma forma citrina de viver...
...sorvê-la inteira... gomo a gomo...
Arabesca - At-Tambur
entre tintas
entre rossos e paredes abertas
entre chão por tratar e caixas para empacotar
entre acampamentos e chuva
entre pó a lama
cimento e cal
gesso e madeira
entre o muro e a laranjeira...
deixo-vos já a música que alimenta uma forma citrina de viver...
...sorvê-la inteira... gomo a gomo...
Arabesca - At-Tambur
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